domingo, 28 de novembro de 2010

Quote by C.C.

The hate of men will pass, and dictators die, and the power they took from the people will return to the people.
And so long as men die, liberty will never perish
.

Charlie Chaplin

segunda-feira, 31 de maio de 2010

O Massacre de Ganímedes - Primeiros Anexos.

Branca e Leonor (1976)

Leonor preparou a mesa do costume, dispondo cuidadosamente as chávenas para o chá e alguns dos seus amigos preferidos. Ao seu lado colocou Rupert, o seu companheiro mais fiel - um ursinho que Branca lhe fizera. Leonor ainda hoje se recorda do quão importante aquele momento foi e aquele rejúbilo de satisfação transformou-se num carinho incondicional para com o animal fofinho, levando-o para todo o lado.

Leonor ficava neste ritual tantas e tantas vezes, aguardando pacientemente pela mãe que chegava invariavelmente tarde a casa. Todavia, era hábito Branca levar Leonor consigo às compras. Passeios que Leonor adorava e aproveitava para deslumbrar a sua visão e o seu estômago, com as guloseimas que incessantemente pedia à mãe. Branca quase sempre acabava por responder à vontade da filha, dado o infeliz costume de Leonor em se tornar bastante irritante em público, levando Branca muitas vezes a perder a cabeça e a bater-lhe, chorando Leonor ainda mais, perante olhares prontamente condenatórios. Branca sentia-se embaraçada.
No entanto logo se arrependia e satisfazia o pedido de Leonor, reconciliando-se com a mãe e tornando ao halo de inocência e de felicidade que sempre parecia reluzir em si.

Leonor parecia alhear-se da vida dupla da mãe, aceitando o quão dedicada ela era ao trabalho. Mas, intimamente sabia bem o quanto a mãe era infeliz e várias vezes a apanhou a chorar sozinha. Tentava animá-la como podia e em parte era bem sucedida.

Duas semanas antes da partida para a mansão do avô, a relação de ambas sofreu um pequeno rombo. Branca tornou a chegar cada vez mais tarde a casa, até que anunciou à filha que necessitava de ir um fim-de-semana inteiro em trabalho, instruindo-a para que não saísse de casa e que se comportasse. Todos os víveres necessários não haviam sido descurados, como de costume.
Na noite anterior à partida da mãe, Leonor ouviu-a ao telefone, reconheceu o tom e postura da mãe, mas manteve-se no seu ar terno de uma meiguice por vezes tão invulgarmente incessante.

E ali se encontrou, sozinha em casa, com o seu amigo Rupert, comunicando entusiasmada, expressando os seus sonhos e deixando a sua imaginação flutuar, diante de uma mesa de menina, devota de costumes retirados ao mundo dos adultos.

"A mamã anda tão distante Rupert... eu sei que ela se preocupa e que vai trabalhar todos os dias por causa de mim, mas às vezes só queria estar mais um pouco com ela. Só tenho a mamã e só te tenho a ti, Rupert. Foste o melhor presente da mamã, não teria qualquer amigo se não fosses tu. Adoro-te Rupert!"

"Nunca te deixarei sozinha Leo, vou estar sempre junto a ti. Sabes o que te animaria? Um doce!"

"Ohhh! Quero, quero! Mas não posso sair Rupert, a mamã disse que não podiamos!"

"Se formos depressa e tivermos cuidado não há que ter medo!"

E assim saíram de casa, Leonor e o seu urso de peluche, caminhando até à loja que de quando em quando visitavam e comprou um monte de guloseimas que a estimularam e nesse estado a mantiveram durante todo o regresso a casa.
Contudo, Leonor deparou-se com a perda das chaves de casa, o que derrubou todo o espírito anterior, levando-a a procurar as chaves pela rua onde caminhara, cada vez mais enervada.
Sem sucesso.
Quando se afastou um pouco mais e se sentiu perdida e sem saber o que fazer, cedeu na rua, chorando e berrando a plenos pulmões.
Leonor terminou nessa noite na esquadra de polícia, triste e amedrontada, aguardando pelas melhores notícias do agente que ligou para o trabalho da mãe.

Branca não estava em trabalho.

"De férias com um homem", algo que Leonor não pôde deixar de compreender pelas tentativas malogradas do homem em contactar a sua mãe.

Este esforço, acabou por dar os seus frutos. Branca estava de volta quatro horas depois.
Pegou em Leonor, sentindo-se vexada uma vez mais. Mas tal agravou-se quando confrontada pelos vizinhos com quem discutiu acidamente.
Já em casa, ainda com uma vizinha a bater à porta, preocupada com o que estava a decorrer no interior, Branca perdeu a cabeça com Leonor e bateu-lhe. No aceso de raiva, rasgou Rupert, até o dividir em 2, vertendo as suas entranhas esponjosas, sem retrocesso, arremessando-o em direcção ao chão, onde o pisou furiosamente.
Leonor ouviu os gemidos e a dor de Rupert ecoando pela sala.

O choque transfigurou Leonor.
"Devolve-me a minha mamã, monstro!"

"Estou farta, sua anormal, por que não podes agir como as outras crianças normais? Não passas de uma deficiente sem amigos que só me sabe envergonhar!"

"Devolve-me a minha mamã, que não me abandona, que não me deixa sozinha, que não me bate!"

"Sua egoísta, mato-me a trabalhar para te dar conforto! E quem fica sozinha sou eu, ninguém me quer e a culpa é toda tua! Nunca devias ter nascido!"

"Não, não, não! Odeio-te! Nem o papá te quis, és horrível, devolve-me a minha mamã!"

"Ninguém me quer porque ninguém quer uma mulher solteira com filhos! És a razão da minha infelicidade, desaparece da minha frente, nunca devias ter nascido!"

"Odeio-te, mataste o Rupert, assassina, QUERO-TE VER MORTA!".


Julieta, David e Nuno (1974)


Desde pequenina que Julieta corre e deambula entre cada recanto da mansão dos Ganímedes. Como se tratasse de um pássaro enjaulado conhecendo cada recanto da sua prisão.
Sempre deteve um espírito ávido e uma mentalidade aventureira. O avô, embora geralmente frio, chegou a associar Julieta a essa sua qualidade, com algum orgulho inerente.
Cedo a curiosidade em explorar a propriedade do avô ganhou outras proporções e aos poucos foi-se aventurando.
A floresta acabou por se tornar um lugar que marcava ano após ano as suas férias, sobretudo a partir dos seus 12 anos. Era uma de muitas coisas, que tinha a agradecer a David. Juntos escapuliam-se com alguma frequência e sempre que possível. Ao início Julieta era como a pequena princesa de David, a sua protegida, mas três anos decorridos e David dava por si impaciente, aguardando pela chegada anual de Julieta e dos restantes familiares. E Julieta sentia-se da mesma maneira.
Era a melhor altura do ano para ambos.

5 Anos e poucos meses separavam-nos, mas tal diferença etária esbateu e desmoronou por completo a partir dos 16 anos de Julieta. Era agora uma bela mulher, delicada, inteligente, serena e ao mesmo tempo com aquele brilho de impaciência pelo conhecimento e pela aventura que tocavam em David e o cativavam. Mesmo sendo reduzido o contacto com outras mulheres próximas da sua idade, (excepto as escassas vezes que acompanhava Elias à aldeia piscatória mais próxima), David considerava-a como a mais bela mulher à face da terra.

Nas mesmas circunstâncias se encontrava Nuno, sempre mais introvertido e debatendo-se incessantemente entre a sua condição de serviçal e de mera mobília e entre a chama que Julieta lhe despertava. Durante muito tempo a odiou e durante outro tanto tempo a amou.
Não era fácil a vida que levava. Tal como David, tomavam Mafalda e Elias praticamente como figuras parentais. Pouco conheciam do mundo lá fora e igual afecto haviam recolhido. Para Afonso não passavam de bonecos articulados, existindo para o servir e para pagar a sua caridade - dera-lhes um tecto para viver, uma alternativa segura à condição de orfãos. No fundo, aquisição de trabalho remunerado com géneros de subsistência.

1974, marcou um ano um tanto ou quanto diferente, numa das suas vagas exploratórias e possíveis investidas pela floresta que lhes começava a ser tão familiar, David e Julieta acabaram por se deparar com uma descoberta que atiçou em Julieta um misto de incredibilidade e ao mesmo tempo de extrema curiosidade.
No meio de uma reclusão de arvoredo, uma segunda mansão emergia numa clareira. As reacções no entanto divergiram, David bem mais preocupado forçou a uma retirada. Julieta projectou uma nova investida àquela área, no entanto, foi surpreendida por uns pais em alguma agitação.

Nuno denunciara-os.

Julieta e David passaram a sofrer um controlo mais acentuado, as incursões à floresta deixaram de ser possíveis e com isso uma nova aventura até à mansão sitiada pelo bosque.
Todas as restantes férias de 1974 foram passadas em frustração e o aperto em 1975 manteve-se.
A relação de Nuno com David acabou também ela por se deteriorar substancialmente, mas não aquilo que ambos nutriam por Julieta.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Virginia Woolf - The Death of the Moth, and other essays

Three Pictures ** Written in June 1929.

The First Picture
It is impossible that one should not see pictures; because if my father was a blacksmith and yours was a peer of the realm, we must needs be pictures to each other. We cannot possibly break out of the frame of the picture by speaking natural words. You see me leaning against the door of the smithy with a horseshoe in my hand and you think as you go by: “How picturesque!” I, seeing you sitting so much at your ease in the car, almost as if you were going to bow to the populace, think what a picture of old luxurious aristocratical England! We are both quite wrong in our judgments no doubt, but that is inevitable.

So now at the turn of the road I saw one of these pictures. It might have been called “The Sailor’s Homecoming” or some such title. A fine young sailor carrying a bundle; a girl with her hand on his arm; neighbours gathering round; a cottage garden ablaze with flowers; as one passed one read at the bottom of that picture that the sailor was back from China, and there was a fine spread waiting for him in the parlour; and he had a present for his young wife in his bundle; and she was soon going to bear him their first child. Everything was right and good and as it should be, one felt about that picture.

There was something wholesome and satisfactory in the sight of such happiness; life seemed sweeter and more enviable than before.

So thinking I passed them, filling in the picture as fully, as completely as I could, noticing the colour of her dress, of his eyes, seeing the sandy cat slinking round the cottage door.

For some time the picture floated in my eyes, making most things appear much brighter, warmer, and simpler than usual; and making some things appear foolish; and some things wrong and some things right, and more full of meaning than before. At odd moments during that day and the next the picture returned to one’s mind, and one thought with envy, but with kindness, of the happy sailor and his wife; one wondered what they were doing, what they were saying now. The imagination supplied other pictures springing from that first one, a picture of the sailor cutting firewood, drawing water; and they talked about China; and the girl set his present on the chimney–piece where everyone who came could see it; and she sewed at her baby clothes, and all the doors and windows were open into the garden so that the birds were flittering and the bees humming, and Rogers—that was his name—could not say how much to his liking all this was after the China seas. As he smoked his pipe, with his foot in the garden.

The Second Picture
In the middle of the night a loud cry rang through the village. Then there was a sound of something scuffling; and then dead silence. All that could be seen out of the window was the branch of lilac tree hanging motionless and ponderous across the road. It was a hot still night. There was no moon. The cry made everything seem ominous. Who had cried? Why had she cried? It was a woman’s voice, made by some extremity of feeling almost sexless, almost expressionless. It was as if human nature had cried out against some iniquity, some inexpressible horror. There was dead silence. The stars shone perfectly steadily. The fields lay still. The trees were motionless. Yet all seemed guilty, convicted, ominous. One felt that something ought to be done. Some light ought to appear tossing, moving agitatedly. Someone ought to come running down the road. There should be lights in the cottage windows. And then perhaps another cry, but less sexless, less wordless, comforted, appeased. But no light came. No feet were heard. There was no second cry. The first had been swallowed up, and there was dead silence.

One lay in the dark listening intently. It had been merely a voice. There was nothing to connect it with. No picture of any sort came to interpret it, to make it intelligible to the mind. But as the dark arose at last all one saw was an obscure human form, almost without shape, raising a gigantic arm in vain against some overwhelming iniquity.

The Third Picture
The fine weather remained unbroken. Had it not been for that single cry in the night one would have felt that the earth had put into harbour; that life had ceased to drive before the wind; that it had reached some quiet cove and there lay anchored, hardly moving, on the quiet waters. But the sound persisted. Wherever one went, it might be for a long walk up into the hills, something seemed to turn uneasily beneath the surface, making the peace, the stability all round one seem a little unreal. There were the sheep clustered on the side of the hill; the valley broke in long tapering waves like the fall of smooth waters. One came on solitary farmhouses. The puppy rolled in the yard. The butterflies gambolled over the gorse. All was as quiet, as safe could be. Yet, one kept thinking, a cry had rent it; all this beauty had been an accomplice that night; had consented; to remain calm, to be still beautiful; at any moment it might be sundered again. This goodness, this safety were only on the surface.

And then to cheer oneself out of this apprehensive mood one turned to the picture of the sailor’s homecoming. One saw it all over again producing various little details—the blue colour of her dress, the shadow that fell from the yellow flowering tree—that one had not used before. So they had stood at the cottage door, he with his bundle on his back, she just lightly touching his sleeve with her hand. And a sandy cat had slunk round the door. Thus gradually going over the picture in every detail, one persuaded oneself by degrees that it was far more likely that this calm and content and good will lay beneath the surface than anything treacherous, sinister. The sheep grazing, the waves of the valley, the farmhouse, the puppy, the dancing butterflies were in fact like that all through. And so one turned back home, with one’s mind fixed on the sailor and his wife, making up picture after picture of them so that one picture after another of happiness and satisfaction might be laid over that unrest, that hideous cry, until it was crushed and silenced by their pressure out of existence.

Here at last was the village, and the churchyard through which one must pass; and the usual thought came, as one entered it, of the peacefulness of the place, with its shady yews, its rubbed tombstones, its nameless graves. Death is cheerful here, one felt. Indeed, look at that picture! A man was digging a grave, and children were picnicking at the side of it while he worked. As the shovels of yellow earth were thrown up, the children were sprawling about eating bread and jam and drinking milk out of large mugs. The gravedigger’s wife, a fat fair woman, had propped herself against a tombstone and spread her apron on the grass by the open grave to serve as a tea–table. Some lumps of clay had fallen among the tea things. Who was going to be buried, I asked. Had old Mr. Dodson died at last? “Oh! no. It’s for young Rogers, the sailor,” the woman answered, staring at me. “He died two nights ago, of some foreign fever. Didn’t you hear his wife?” She rushed into the road and cried out. . . . “Here, Tommy, you’re all covered with earth!”

What a picture it made!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

A Soberba - Hall of Family

Muitos poderão criticar os aquarianos por um estranho síndrome de irmandade e de isolamento... bem, talvez até tenham razão.
Todavia, é irrelevante qualquer tipo de comparação com as demais onze raças.
A questão primordial é que, de facto, somos bons... muito bons!
Dúvidas?
Ainda bem.

Todavia, talvez até gostem de...

















... um Christian Dior.




Mas se na moda damos cartas, talvez até reconheçam os seguintes rapazes na vanguarda competitiva...


Michael Jordan ^^

ou mesmo














Cristiano Ronaldo ^^



















Já sei, já sei, não convencidos ainda... público difícil! Podemos sempre ir buscar também o nosso José Mourinho, considerado o melhor treinador da actualidade, que acham? Pois é, também ele integra a 11ª casa...
Mas se a moda e o desporto não provocam comoção... podemos sempre ter um toque especial da moçoila negra. Já adivinharam?




Contudo, se a Oprah Winfrey, dita como uma das mulheres mais influentes no país da Cowboiada é insuficiente, bem, de certeza que na política conseguimos encontrar uma influência, pelo menos mais directa...





Digam-no Abraham Lincoln; Franklin D. Roosevelt ou até mesmo Francis Bacon ^^

Se política; moda; desporto e televisão não convencem... bem, as palavras sempre foram o instrumento mais poderoso destas estranhas criaturas...

"In the middle of the night a loud cry rang through the village. Then there was a sound of something scuffling; and then dead silence. All that could be seen out of the window was the branch of lilac tree hanging motionless and ponderous across the road. It was a hot still night. There was no moon. The cry made everything seem ominous. Who had cried? Why had she cried? It was a woman’s voice, made by some extremity of feeling almost sexless, almost expressionless. It was as if human nature had cried out against some iniquity, some inexpressible horror. There was dead silence. The stars shone perfectly steadily. The fields lay still. The trees were motionless. Yet all seemed guilty, convicted, ominous. One felt that something ought to be done. Some light ought to appear tossing, moving agitatedly. Someone ought to come running down the road. There should be lights in the cottage windows. And then perhaps another cry, but less sexless, less wordless, comforted, appeased. But no light came. No feet were heard. There was no second cry. The first had been swallowed up, and there was dead silence."

The Second Picture, by Virginia Woolf

"This was no very great consolation to the child. Young as he was, however, he had sense enough to make a feint of feeling great regret at going away. It was no very difficult matter for the boy to call tears into his eyes. Hunger and recent ill–usage are great assistants if you want to cry; and Oliver cried very naturally indeed. Mrs. Mann gave him a thousand embraces, and what Oliver wanted a great deal more, a piece of bread and butter, less he should seem too hungry when he got to the workhouse. With the slice of bread in his hand, and the little brown–cloth parish cap on his head, Oliver was then led away by Mr. Bumble from the wretched home where one kind word or look had never lighted the gloom of his infant years. And yet he burst into an agony of childish grief, as the cottage–gate closed after him."

Oliver Twist, by Charles Dickens

Mas se ainda assim, o inquietante toque das nossas palavras vos não alcança, então gritamos: "Sobrevive o mais apto!"; "O Sol não gira à tua volta, estúpido!" ou simplesmente um bonito "A terra é redonda, porra!". Reconhecem-nos?






Apresento-vos Charles Darwin; Galileo Galilei e Nicolau Copérnico.
Olá, maninhos.

Digam o que disserem, na Ciência já vos demos uma abébia descomunal. Humm, curioso ver que ainda estrebucham... Ein? Somos inteligentes mas somos feios? Só vos mostrei velhos?
Bem... que não seja por isso. Todos os problemas se resolvessem tão facilmente...




Olá Alicia, olá Justin Timberlake... até que podia pegar nestes dois para dar o mote seguinte, mas como nisso não me dizem grande coisa mesmo, prefiro adiar o cenário musical e continuar no Hot and Idol e, quem melhor do que o seguinte senhor para o abrir:


Vá, vá já chega, tratem lá de recolher a baba. Na verdade, James Dean surge como nome inevitável ao lado de nomes sonantes como Robert Wagner, Paul Newman entre tantos outros, mas não resisto a assinalar mais 3:





D.W.Griffith, um dos pais do cinema e o maior professor como Charles Chaplin o denominou; John Ford e por que não este orgásmico senhor de "Voando sobre um Ninho de Cucos"; "Ragtime" ou "Amadeus". Já adivinharam? Pois é, Milos Forman.

E assim continuamos... mas como esquecer um Edouard Manet ou um Jackson Pollock?




Até poderia chamar o irritante (mas influente) Jerry Springer, mas simplesmente não gosto do senhor ^^ E depois de tanta prova demonstrada, prefiro mesmo acabar em beleza na área da música, no meio de uma Yoko Ono muito bem acompanhada ou por um eloquente Phil Collins.
Todavia, prefiro destacar nomes como...




...John Williams; Wolfgang Amadeus Mozart ou Bob Marley ^^

E se mesmo assim estes não convenceram... bem, olhem, falem com a Carmen Miranda ;)


Às vezes pergunto-me até que ponto o espírito maçónico não tem um dedinho aquariano muito vincado na sua origem...

O Massacre de Ganímedes - Fase 2

Olá a todos meus cordeirinhos brancos e reluzentes, enceto esta segunda fase respondendo ao pedido do Boyzito para inserir mais dados relativamente às idades dos intervenientes e aos anos de serviço dos empregados:

Afonso Ganímedes – 74 anos.
Frederico Ganímedes – 48.
Inês Montgomery Ganímedes – 39.
Julieta Montgomery Ganímedes – 20.
Helena Ganímedes – 46.
Óscar Kolorzel – 53.
Clóvis Ganímedes Kolorzel – 20.
Godofredo Ganímedes – 45.
Branca Ganímedes – 31.
Leonor Ganímedes – 9.
Elias – 66.
Mafalda – 68.
David - 26.
Nuno – 25.

Quanto aos serviçais.
Elias e Mafalda servem os Ganímedes desde a época do pai de Afonso.
David e Nuno, ambos órfãos, foram acolhidos desde pequenos e inseridos na lida doméstica. Denominam-se a si mesmos de mobília alegando muitas vezes que são propriedade de Afonso, sobretudo Nuno.
1ª Nota – Não o fazem sem algum tom cáustico.
2ª Nota – Ao longo do tempo esta mansão assistiu a muitos mais empregados e nunca o número dos mesmos foi tão diminuto como o actual.

Considero-me ao vosso inteiro dispor para melhor esclarecimento neste tipo de pormenores. Notem que os mesmos podem enriquecer o vosso raciocínio e é pena o Boyzito ter sido o único a debater-se nesse aspecto, por mais informação periférica.

Colocado este ponto na base do esclarecimento e dada a inexistência de conjecturas que me levem a um ponto de rebate com algum relevo, farei apenas dois apontamentos, nomeadamente em resposta ao Paulo e à Carla Carrinho.
1º Apontamento – De facto, a Helena tem recaída sobre si, neste momento, alguma atenção por ser agora a herdeira dos Ganímedes.
Denote-se no entanto que a carta encontrada à mesa de jantar pode conter em si um risco de alteração da dinâmica sucessória vigente ou pelo menos revela interesse nessa perspectiva. A oportunidade do crime continua a ser comum a todos os demais no entanto.
2º Apontamento – O pressentimento de Godofredo, partilhado com a sobrinha é uma espada de dois gumes, pode de facto remeter para um álibi no contexto da intervenção da Carla… mas pode no entanto ter origem noutros fundamentos.
No entanto ressalve-se um importante aspecto, a Carla foi provavelmente a única a reparar que 5+4+3+3 são 15… e não 14. No entanto reitero, é um facto ABSOLUTO que apenas 14 almas caminham neste nosso jogo de xadrez.

Indagação – Perante 5 corpos, desfigurados... cuja morte é visivelmente aterradora… perante as mesmas roupas da noite anterior que previamente referi enquanto facto… num contexto de absoluto choque e medo, terão os mesmos corpos sido vistos minuciosamente ao ponto de se concluir que de facto, as 5 pessoas desaparecidas correspondem na totalidade aos 5 corpos encontrados?

Data: 21 de Dezembro de 1976.

Segunda Roleta:
Helena e Óscar são apanhados de surpresa pelo surgimento dos netos de Afonso. Tentam conter o seu avanço, sobretudo Julieta que fica descontrolada. A primeira neta de Afonso revela-se arrasada pela morte dos pais mas compromete-se a encontrar os responsáveis pelo bárbaro homicídio dos mesmos.
Atinge-se o acordo de manter o cenário intocável até à chegada da polícia.
No entanto, a comunicação com o exterior mantém-se indisponível.
No momento, é decidido o regresso incondicional de todos à mansão.
Helena assume a protecção dos sobrinhos e resolve que por agora será melhor que todos se mantenham por perto. É imediatamente aceite como assumpção geral que o (s) assassino (s) é um elemento exterior ao meio familiar.
O dia progride com o isolamento progressivo da mansão de todas as formas possíveis de forma a torná-la impermeável a uma penetração externa. Almoçam e consomem as refeições preparadas por Mafalda, dentro do ambiente disponível e sempre que possível. Os três netos tendem a ficar alheados sempre que Helena, o marido e os empregados se isolam conjecturando quanto às melhores vias e acções a tomar.
Todavia, eventos assinaláveis existem a demarcar:
1 – As cavalariças foram esvaziadas. Todos os cavalos de Afonso desapareceram.
2 – Julieta entra em confronto com Helena (adversária directa segundo o modelo sucessório vigente) e incita mesmo à possibilidade de a tia estar por detrás da morte dos pais.
3 – Mesmo perante as exigências compulsivas de Helena para com Elias, visando este obter a presença de Afonso, o mesmo retrocede sempre com a resposta negativa do patrão se recusar a estar com a família. A mesma não consegue lograr uma resposta do pai para lá do escritório.
4 – Ao jantar, uma nova carta é encontrada em cima da mesa, sem que alguém conseguisse interceptar o emissor da mesma perante uma forte contestação e consternação de Helena, que presume por momentos algum tipo de união entre os empregados.

Conteúdo:
Toda a minha riqueza encontra-se convertida em ouro e localizada no interior desta casa. Só o mais digno herdará a fortuna que desenvolvi e fomentei ao longo da vida.
O meu império pertencerá ao mais capaz.
A todos tentei incutir valor e capacidade para atingir o fim desejado.
O meu sucessor terá a força de um Ganímedes!
Caso contrário, na madrugada de dia 24, quando a última cabeça rolar… comprovar-se-á que os meus descendentes não passam de uns infelizes e fracos degenerados, como infelizmente prevejo.
Nota: Até a mobília se encontra em jogo, assim como qualquer outra pessoa que encontre a minha riqueza em primeiro lugar
.”

A carta provocou uma extrema comoção e mesmo desorientação geral, incluindo uma indignação acérrima de Helena pela possibilidade dos serviçais puderem acalentar atingir a herança que lhe está reservada. “Uma brincadeira” como assim denominou.
A sua pressão junto do escritório de Afonso redobrou, embora sempre malograda.
A possibilidade do próprio pai estar envolvido assim como a actuação menos fidedigna de um empregado transformou-se numa hipótese real aos olhos de Helena e de Óscar que, apesar de tudo, continuaram a trocar entre si votos manifestos de carinho e de companheirismo, tão próprios de dois seres unidos e inseridos no seio de uma relação saudável.

Ao avançar da noite, Óscar, Nuno e Elias certificam-se de que a mansão está segura.
Julieta decide dormir com Leonor, sua prima, agora que Branca não se encontra para a proteger. É acordado entre todos que ninguém abriria os quartos sem a devida precaução e que ao mínimo sinal de perigo vindo do exterior, que todos se reunissem imediatamente.
A noite encerra com Julieta a olhar para um grande quadro na sala, com o retrato de Clotilde, uma jovem bruxa que dotara Afonso de uma fortuna em multiplicando, algo que o fizera devoto incondicional. Desde que nascera que conhecera esta história.
Helena e Óscar por seu turno, angariam algum pequeno arsenal da cozinha, nomeadamente algumas facas, prezando pela sua defesa. Também uma terá sido impingida a Clóvis.

Na manhã seguinte Julieta despertou, ainda Leonor dormia profundamente.
Acordou-a ternamente e conduziu-a ainda ensonada ao salão principal, onde não muito depois surgiriam Mafalda e Nuno, sobressaltados pelo desaparecimento de Elias.
Este preciso facto seria imediatamente reportado a Helena pelos quatro madrugadores. Todavia, a não resposta dos aposentos de Helena e de Óscar assim como de Clóvis, agravaram a tensão.
Os dois quartos encontravam-se trancados.
Nuno fez-se valer da sua chave-mestra e abriu primeiramente o quarto de Helena, com a autorização de Julieta.

Helena encontrava-se deitada na cama, vestida, a descoberto.
Os olhos estavam esbugalhados e vermelhos e as marcas em torno do seu pescoço roxo eram assaz visíveis. O horror de todos intensificou-se quando encontraram Óscar na banheira, despido, com uma das facas recolhidas na noite anterior para sua própria defesa, enterrada no crânio, perfurando desde o centro da sua testa.
Ao lado da mesa-de-cabeceira estava a chave do quarto.
Julieta correu para o quarto de Clóvis, obrigou Nuno a fazer valer-se da sua chave uma vez mais e o cenário voltou a ser desconcertante… Clóvis estava deitado na sua cama, degolado e com uma faca enterrada no peito. Também ele estava vestido, a descoberto e com a chave do quarto colocada em cima da mesa-de-cabeceira.
Leonor mantinha-se estranhamente calma. Mafalda e Julieta ambas horrorizadas num misto de incredibilidade e Nuno emerso num sinistro halo de espanto.
Elias era agora encarado por Julieta como nome primordial a encontrar e o seu desaparecimento remetia-o numa situação de culpa potencial.
Iniciou-se uma busca pela casa que culminou no quarto de Godofredo.
Também ali se encontrava uma chave nas mesmas circunstâncias anteriores e também ali, se encontrava um corpo ao largo da cama.
Elias, de olhos revirados, olhava rígido para o tecto, enquanto uma faca se instalara até aos confins do seu cérebro.
Julieta pegou em Leonor e afastou-se de Nuno e de Mafalda. Ordenando-lhes ameaçadoramente que se afastassem.

Facto 1 – Todos os quatro corpos se encontram num estado de perfeito reconhecimento;
Facto 2 – Os quartos estavam intactos. Janelas cerradas por dentro sem agressão externa e o mesmo a decorrer com as portas. Nada ali forçara a entrada ou saída dos respectivos quartos;
Facto 3 – Apenas uma chave existe para cada quarto. A mesma tendo sido encontrada dentro de qualquer um dos três espaços fechados;
Facto 4 – Além destas chaves próprias, só a chave-mestra pode abrir os quartos. Cada uma destas chaves, na posse de cada um dos serviçais, sendo que 4 é o seu número corrente. Em adição à chave pessoal, 5 são as chaves que conseguem abrir cada um dos respectivos quartos;
Facto 5 – O quarto e o escritório de Afonso são as únicas áreas da casa inatingíveis por estas chaves;
Facto 6 – Afonso, até à data e no actual decorrer do massacre, continua a não assistir aos pedidos de comparência dos familiares e nenhum dos presentes estabeleceu contacto com o mesmo;
Facto 7 – Corpo, não remete em absoluto para morto;
Facto 8 – Não existe uma 15ª pessoa no raio de 47kms, nem existirá no decorrer do massacre;
Facto 9 – “Decorrer”, no contexto enunciado é sinónimo de durante, não abrangente de um antes ou depois.
Facto 10 – Julieta e Leonor acabam de se isolar de Nuno e de Mafalda, sendo que três mortos se seguirão e sendo que três restantes pessoas, não serão necessariamente sobreviventes no final do massacre;
Facto 11 – A definição de pessoa nesta trama, só é aplicável ao ser que respira, caminha e comunica de acordo com as suas faculdades comuns e prévias ao existir que antecede o massacre.
Facto 12 – Corpo não é, para o efeito, sinónimo de pessoa.


Lançados estão os segundos dados, abrindo-se agora e exponencialmente todos os vectores presentes em rasteiras anteriores.
Questões primordiais:
1- Conseguiria uma só pessoa assassinar as 5 primeiras criaturas?

Lanço o desafio de conceberem mentalmente o processo que levou ao desaparecimento dos 5 primeiros sujeitos e o consequente surgimento dos 5 corpos.
Todos reunidos no mesmo espaço, com idênticos trajes ao que usaram de dia, pelo que é aceitável assumir que estes homicídios terão decorrido no anteceder do repouso.
Terão sido mortos no local ou em locais diferentes e os respectivos corpos transportados e reunidos?
Que forma primária de extermínio terá sido aplicada aos mesmos?

2- Consegues agora identificar o homicida ou os vários, caso acredites nessa possibilidade?
3- Poderão estar reunidas várias interligações como homicídio/suicídio/acidente nesta trama?
4- Quantas pessoas afinal sobrevivem? Quem? O lobo ou o cordeiro?
5- Estando de facto o ouro presente na mansão… até que ponto se envolve Afonso no decurso da redução letal dos seus descendentes?
6- Estamos de facto perante um jogo arquitectado?

Mais questões pertinentes poderiam aqui ser erguidas. Todavia, calculo que estas já acarretam um laboroso Q.B.
Deste modo, deixo-vos no meio desta segunda etapa do meu percurso homicida.
Com a promessa do lançamento para breve de 2 ou 3 mini-histórias inerentes a alguns dos personagens, como uma mais-valia no tracejar de alguns perfis.

sábado, 8 de maio de 2010

O Massacre de Ganímedes

Olá a todos! Bem-vindos a esta minha brincadeira, onde lanço o desafio de incorporarem em vós esse grande Sherlock Holmes refundido nas vossas entranhas e a solucionarem o problema que vos irei propor em várias fases (mas poucas).

Contexto: Afonso Ganímedes é um poderoso indivíduo, com uma idade que já penetrou há algum tempo na casa dos 70. Detém uma saúde supostamente em estado decrescente e uma fortuna abundante. Com três meses de antecedência decretara a reunião de todos os seus filhos na mansão dos Ganímedes, a sua residência.
A adição dos membros da família aos subordinados permanentes totaliza 14 cabeças.

Espaço: A mansão encontra-se a norte de uma extensa propriedade peninsular, sendo que não existe vida além destas pessoas num raio de 47kms.
Esta propriedade é densamente arborizada e o principal acesso é efectuado através de barco, mobilizado apenas para transportes agendados. O espaço em questão não é necessariamente correspondente à nacionalidade de qualquer um dos 14 elementos.

Data: 20 de Dezembro de 1976.

Exposição de Intervenientes:
Afonso Ganímedes – Cabeça de família;
Branca Ganímedes – Quarta filha de Afonso;
Clóvis Ganímedes Kolorzel – Segundo neto, filho de Helena e de Óscar;
David – Segundo serviçal;
Elias – Encarregado geral/serviçal;
Frederico Ganímedes – Filho primogénito de Afonso;
Godofredo Ganímedes – Terceiro filho de Afonso;
Helena Ganímedes – Segunda filha de Afonso;
Inês Montgomery Ganímedes – Esposa de Frederico;
Julieta Montgomery Ganímedes – Primeira neta, filha de Frederico e de Inês;
Leonor Ganímedes – Terceira neta, filha de Branca;
Mafalda – Primeira serviçal;
Nuno – Terceiro serviçal;
Óscar Kolorzel – Esposo de Helena;

Origem dos nomes irrelevante, os nomes dados pressupõem apenas uma organização de 14 Xs.

Primeira Roleta:
Como hábito, Afonso Ganímedes recusou-se a conviver com os restantes membros da família, permanecendo no seu escritório.
Dada a conjuntura, os quatro herdeiros assumem que a convocatória acarreta uma vontade sucessória, pelo que discutem sobre a herança, alinhavando Helena, Branca e Godofredo pelo reconhecimento dos direitos de Frederico, embora requerendo deste uma certa quantia. Na sua esfera, nenhum dos 4 detém uma carteira saudável, agravando-se a situação de Godofredo e de Branca.
Os netos, alheios à temática não vivenciam esta discussão, convivendo numa outra sala.
Antes do jantar, Frederico e Inês transferem entre si a informação de que detém o apoio dos serviçais, sendo-lhes estes favoráveis.
Uma anomalia geral na rede de telefone é comunicada pelo encarregado geral Elias, comprometendo-se o mesmo em solucionar o problema assim que possível.
Afonso Ganímedes insiste na sua reclusão, não jantando com os seus herdeiros.
Uma estranha carta é encontrada à mesa, sem que qualquer um dos 13 elementos assuma responsabilidades pela mesma. A carta dá início a um suposto “jogo”, de tempo limitado, sendo que o vencedor herdaria toda a fortuna dos Ganímedes.
A assumpção de que Afonso é o patrono da carta é geral, assim como uma pressuposta alteração dos direitos sucessórios tradicionais.
Antes de todos se recolherem, Godofredo partilha com a sobrinha Julieta o pressentimento de que irá morrer em breve.

Na manhã seguinte, por entre algum sobressalto, contabiliza-se até 5 o número de pessoas desaparecidas. As mesmas acabam por ser encontradas primeiramente por Elias, Nuno, Helena e Óscar, dentro de um armazém próximo da mansão. Todos os corpos apresentam ferimentos nos mais diversos pontos do corpo, sendo que comum a todos, as caras estão totalmente desfiguradas.
Pelas roupas e demais adornos, as 5 pessoas desaparecidas têm correspondência directa com os corpos encontrados:

- Branca Ganímedes;
- Godofredo Ganímedes;
- David;
- Inês Montgomery Ganímedes;
- Frederico Ganímedes.

Facto 1 – Afonso educou os filhos num tom de rigidez acentuada e a rivalidade entre os filhos é acentuada;
Facto 2 – O modelo sucessório vigente assenta em que o primogénito tudo herde;
Facto 3 – Os corpos encontrados têm a mesma roupa da noite anterior;
Facto 4 – 5 é o número do primeiro grupo de corpos encontrado;
Facto 5 – Seguidamente a este virá um grupo de 4 corpos;
Facto 6 – O terceiro golpe acarretará 3 mortos;
Facto 7 – As 3 restantes pessoas, não serão necessariamente sobreviventes;
Facto 8 – Não existe uma 15ª pessoa no raio de 47kms, nem existirá no decorrer do massacre;
Facto 9 – Os 4 serviçais, assim como Frederico e Inês haviam tomado conta do chefe de família;
Facto 10 – O testamento é mesmo a razão primordial pela convocatória de familiares;
Facto 11 – Apesar de numerosa, o carácter psicológico dominante é o de cisão entre os demais membros, assim como uma forte personalidade dotada de ambição;
Facto 12 – Não existirá barco por mais 3 dias segundo o acordado e só alguns dos mais adultos conhecem o trilho que conduz à saída da península;

Estão lançados os primeiros dados.
Questão primordial:
1 – Consegues trilhar o homicida e os porquês do mesmo dentro problema apresentado?

terça-feira, 20 de abril de 2010

Diário de uma Princesa

Adoro escrever.
Mas nem sempre sei o que escrever… como hoje.

Estou um pouco… triste na verdade. Mas não chores David, está tudo bem, é só que… perdi o Tobias hoje… quer dizer, uma senhora levou-o. Ela disse-me que era a sua dona. Eu pedi-lhe para que o pudesse ir visitar algumas vezes… mas ela disse-me que sou imunda e exigiu que me afastasse.
Ele é tão branquinho e dócil, fez-me companhia durante as últimas duas semanas. Foi um bom amigo, como tu… David. Ias gostar tanto dele!
Acho que é por isto que não consigo escrever… queria tanto falar de estrelas e do Sol que namora a Lua e de tantos bichos e falar mais do Tobias… É isso, vou falar mais dele, e de ti e de mim, de como seriamos nós os três felizes. Prometo!

Ele era tão meiguinho. Quando o vi, pensei que fosse como eu. Mas fico feliz por ele, sabes… vai ter tanta comida boa e um lugar quentinho para dormir. Mas, sinto tanto a falta dele…

Sinto-me... tão sozinha, David. Desculpa aborrecer-te com estas coisas. Desculpa.
Mas sempre me disseste que conseguimos aliviar o que sentimos no papel, mas isto não passa, tenho tanto frio. O frio não passa para o papel por mais que o deseje.
Pergunto-me como te sentes aí em baixo… Sabes, o céu não está muito bonito hoje, parece triste. Mas espero que não chova, não tenho para onde ir.
Tive de sair daquela casa, apareceram dois homens, tive de sair. E não quero voltar para casa. Mas está tanto frio.

Tenho tanta fome.
Gostava tanto de ter alguém, David. Que cozinhasse para mim e me desse tantas coisas boas para comer.
Mas a mãe odeia-me, por o pai me fazer aquelas coisas, ela culpava-me a mim sempre que ele me fazia aquilo, à sua princesinha. Eu vi-lhe isso nos olhos... ela não gosta de mim e ele... não pode, quem faz aquilo não pode gostar.
Eu não queria, não aguentava mais.

Não posso deixar que me encontrem. Não quero, não quero. E também não quero voltar para aquela escola. Magoavam-me tanto, não os consigo compreender, porque me querem tanto mal, porquê David?
Só te tinha a ti… Por que tinhas de ir aí para debaixo, porquê? Deve estar tanto frio aí também!

Desculpa não conseguir celebrar esta noite, acho que ainda te lembras, não é? Aposto que te lembrarias do meu aniversário.
Hoje faço anos. Doze. Eu, eu queria tanto ter-te aqui e ao Tobias e assim podíamos festejar e eu… eu gostava tanto de ti, doeu tanto quando me deixaste. Eu… eu não vou chorar, eu prometi que nunca mais voltaria a chorar, mas, dói tanto.
Estúpida, sou tão estúpida, manchei a folha. Não posso perder isto, é tudo o que tenho.
Eu, só queria… Só queria pertencer a este mundo. Por que razão me sinto assim tão abandonada? Sei que ninguém dá pela minha falta, que ninguém me virá procurar… eu só… Só queria que alguém se preocupasse comigo… pelo menos uma vez eu queria sentir algum… Todas as crianças deviam ter alguém que as proteja...

Sabes David, eu acho que as pessoas me trataram assim por serem infelizes. Pessoas assim precisam sempre de alguém mais infeliz do que elas. As mais más são as mais tristes sabes…
Eu prefiro estar aqui contigo, prefiro isso a estar naqueles cantos escuros, a todo aquele medo quando o pai chegava a casa, não quero, não quero mais.

O meu estômago dói tanto… Acho que esta noite te vou fazer aqui companhia David. Não te culpes por não me conseguires aconchegar, sei que ao menos estou perto de ti. O frio é psicológico certo e eu, eu não me devia queixar tanto, mas dói tanto.
Odeio-me por quebrar a única promessa que me fiz, mas a partir de amanhã, prometo que vou ser mais corajosa, prometo.

Tenho tanto frio. Acho que… não vou voltar a conseguir escrever esta noite.

Está tanto frio.



Processo 8012.
ABUSO E ABANDONO DE MENORES.
HOMICÍDIO POR NEGLIGÊNCIA.
Prova 8.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Eleanor's Pie

Tic, tac, What a joyful device!
Even my mom would be delighted!
Cut one time, cut again,
Rip and slice,
Oh my, it works so nice!
Go ahead, sing it for me Pope…don’t be shy…
While I slice once more your tongue,
Your neck and now your eye!
Oh, I did it twice!
What a wonderful device in fact…
Oh...Oh, I shall make some nasty pie!
Tasty, you may rely!
Eat it all you little fellow
I’ll just bring you another slice!
That piece was from your beloved sweetheart!
But worry not, it’s so soon yet to say goodbye!
What? Did you just cry?
Oh my! Oh my! But… why?
Hum!? Have I?
“Sick and out of my mind you say”
But, oh dear, you shouldn’t say such things…
Not with this beautiful knife… so close… of your ear…
Oh! But what a splendorous epiphany!
Lets’ rather act a wedding!
Don’t you pray to the sky!!
Come on now, meet better your wife!
Lets’ watch while it opens your throat like a goat, oh what a marvelous knife!
Oh but it feels so good!
Date and make out, marry it and then straight to the rape!
Lets’ melt all that ice!
Cut it nice! Rip it twice!
Don’t fade away,
You would leave me so astray!
Please, just wait for another slice…
Chest! And neck! Head and leg!
Kitty, kitty we have fresh meat!
Just eat, just eat my dear,
And sing with me the song of carnage…
Ahhahaha! This time my dear,
We had more than the average!

segunda-feira, 29 de março de 2010

A Melopeia do Diabo - 2 excertos (de um total de 14)

Medo

Num mundo de insegurança,
Movido pela rede complexa do social,
Na vulnerabilidade do desconhecido,
Na desconfiança do impalpável
Na concepção de um imaginário aturdido,
Desenvolvem-se esboços de fobia
E um itinerário de ansiedade a terror,
Na articulação de crenças sem via
Elevando-se discriminação e rancor,
Complexos de inferioridade,
De rejeição a solidão,
Ciclos de pânico e depressão;
Desenvolta a agressividade
Propicia à luta e fuga
No defeso do maior medo por instinto:
A morte que não transmuta.


Acedia

Sobre os corpos estagnados
Abate-se o peso da apatia
Um amargo letargo
Que torna os seres minguados.
A recusa na partilha da alegria do mundo
Tem na nostalgia alicerce profundo,
No abafamento, na insegurança, na moleza
Reina a taciturna melancolia,
Uma tristeza que dilacera
Forçando infelicidade e angústia.
O vazio, a depressão, uma preguiça que não cessa,
Tornando o dia a prorrogação do torpor da noite.
Que pode a Diligência fazer quando cede a inocência?
Todo o desespero em clamor converge a Belphegor seu senhor.

Fleur de Saison - Emilie Simon




Muito Bom o Clip ^^

quarta-feira, 24 de março de 2010

Vincent - Tim Burton

segunda-feira, 22 de março de 2010

Estrada para Huelva

Que canto de solidão é este que na penumbra me aparta do vento que lá fora corre?
A dimensão aperta-se... já mal sinto a chuva, já mal vivo nesses dias de manhãs perdidas.
Já não assisto ao despontar do sol ameno que em crescendo o frio matinal vai invertendo, sereno.
Já não constato aqueles luares cheios, mais já não conheço do que a avassaladora solidão que o nada encerra.
Volvi com agravo ao antes que me consumia. Todavia, era diferente... era tão diferente.
É que... ainda que imerso nessa profunda solidão... ainda assim sentia-te... ainda que longe, ainda que em promessa, mas ainda assim, como te sentia.
Sob olhar estrelado dormitava, assobiando no silêncio e encarando aquelas enfadonhas tardes de tórrido calor e a todas aquelas rotinas cedia, aos vícios que ilusoriamente me preenchiam. O cansaço físico que ignorava, aqueles sôfregos levantares, com que do quentinho da cama saía, disposto a abarcar as rigorosas auroras matinais de Inverno... tudo isso fazia... de índole guerreira, determinada... porque tão simplesmente, assim tinha que ser.

Onde andam agora esses dias desprezados, onde continuava a respirar porque aguardava um dia melhor?

A pálida luz do dia não perfura pelas gretas das persianas, corridas em guilhotina diurna e numa simbiótica aura com os enegrecidos cortinados que cenário lúgubre encerram, para nunca mais abrirem. Nestas tardes sombrias, como se alastram esses ecos de grotesco vazio.
"Já não há forças!"
"Já não vale a pena!"
"Já nada há a fazer!"
A confusão que implode, a sonolência que consome e que ao conforto da cama me amarra, entoando esses grilhões de sangue que tão aberrantes, os dias engolem.
E assim vão vindimando, em pesada aliança com o tempo que voraz tudo devora.
Nada aqui há. O reflexo dos espelhos perturba-me. Nada neles reluz, nada ali transcende, nada ali reside. Nada mais do que sombras obscuras que a cada respirar mais transparentes ficam.
Não há mais sequer por onde olhar. Nem mais o quero sequer fazer.

É o cessar da revolta e do duelo face ao vazio que nas minhas entranhas em batalha de atrito regia. Mas até o seu alastrar agora é diminuto, pouco mais existe para consumir e o último debater da contenda sinto. "Amanhã as minhas obrigações compelem-me a acordar às 8". Esse amanhã que cedo virou ontem, resistiu a mecânicas sinalizações... o cruel relógio, 13,14,15,16 horas foi indicando, transformando o que era mais um amanhã em mais um rasgo de inexistência, um mero vaguear do ontem que se prolonga em eco de longínquo dia que passou.

Em suma, as fontes secaram perante conformação indigna. No tempo errado me deixei apresar, quando a contracção afastei e o punho alteado ergui, desafiando mundos paralelos. Tarde o fiz e ainda o não sabia... errei, ainda que sem saber onde... como eu te teria seguido e não retornado... e como teria abandonado todos os entraves que me sufocavam sem nunca olhar para trás... num tipo de partida do qual não se regressa... eu... teria sido pó espalhado pelo vento, mas sê-lo-ia ao teu lado.
Raios, eu só não precisava do teu egoísmo, não precisava de continuar a respirar sem ver o rubro sangramento do meu corpo... de tudo o resto, eu não queria essa protecção! Eu queria-te a ti, onde, quando e como tivesse de ser, trespassando quaisquer estados ou barreiras, esmagando conjunturas e evitando que a rigidez e a pressão deste mundo nos agitasse e nos atiçasse em campos opostos, minando os sentidos e a perfeição imperfeita da nossa plenitude.
Eu ter-te-ia seguido, pois agora estaria sem me sentir tão morto quanto tu e não teria derramado um enésimo do sangue cerebral, que nos gélidos espigões que lá fora se intensificam me remetem oco, vertendo encruzilhadas em sucessivos pontos de morte efectiva.
A secura deste deserto que alastra estanca as recordações do que um dia senti prometido... o toque dos teus lábios, o toque corporal, a suavidade das minhas mãos entrelaçando-se nas tuas, percorrendo cada curva tua como uma secreta investigação, misteriosa mas que os nossos olhares resolutos, fixos, calmos, tão unos assimilavam...
Aquele aconchego, aquele abraço, aquele conforto nocturno, aquela centelha de paixão que redemoinhava desde o mordiscar de orelha, ao correr do teu pescoço, àquelas puras e inocentes brincadeiras revolvendo a uma infantilidade tão doce... nada mais que pálidas fracções que deambulavam, como se ondulassem nas tranquilas ondas de beira-mar, dispersando-se...
O mar... o vento... o sol... os cheiros e os aromas, as cores que envolvem a periferia do mundo de betão e cinza que cresce e tudo consome... Oh, mas também vocês sentem de igual modo a pressão que me é comum. Quem me dera encontrar uma réstia de forças para vos fazer companhia, procurando um bosquejar último de terreno conforto, onde esta mesma ligação não seria mais do que um convergir no mundo paralelo que me absorve...

Estou só, em erosão, privando os sentidos e cada vez menos compreendendo o que lá fora decorre. E como estou cansado de observar linhas rectas e oblíquas, uma geometria desconcertante de traços, paralelas e perpendiculares numa organização tão complexa que rege a base do caos que ali impera. Não entendo porque carregam todos uma aura tão negra, porque não brilham os seus olhos... mortos, vagos, dispersos, que deambulam presos a um desconhecido agressivo que os tece em fios, manipulando-os como parcas marionetas. Estas visões bizarras, agudizam-se e é gradual a minha cisão cada vez mais profunda com o mundo que torneia as minhas formas lá fora, revirando as minhas entranhas, ferindo-as tão rudemente de tão cruel e fria forma.
Como prefiro a monotonia que me legaste a tal epíteto de macabro tom... à dor de ter perdido antes mesmo de te ter conhecido em carne. Mas a cada ténue linha de existência minha eu pude sentir-te. Compreendi-te, pertenceste-me e de igual modo fui teu e de igual modo findei: as chamas que te fizeram o corpo em cinza, de cinzento revestiram todo o meu ser. Pergunto-me tão somente se este invólucro de carne putrefacta encontrará um final semelhante ao teu... mas isso já não importa.
Nessa placa rodoviária, tingida de salpicos de sangue, do teu sangue que nessa madrugada tão vilmente verteu. Aí jazo defunto, a teu lado, retido para sempre naquele último abraço apertado, no meio da estrada, rodeados de chamas, estilhaços e corpos. Nessa mesma sepultura cujos molhados panos o rubro fluído limparam.
Mas à poeira que a nossa lápide se encontra exposta, de todo não indigna, nos continua a unir no fogo etéreo que legitima a vida.
Huelva, nunca as tuas fronteiras viram tamanha beleza... guarda-a, aconchega-a... o nada que ela vale à tua inexistência, é o tudo que fomos, sentimos, sem dúvida o tudo, para o qual vivemos.

HUELVA
15kms
2007

domingo, 21 de março de 2010

Idos de Março

Verdes anos, amadurece em flor
quem combate com ardor...

A tua sepultura não tem nome, por isso não o posso mencionar. Mas peço a todos os ouvintes que respeitem o teu nome, e a história que se vai aqui contar.
Foste feto e depois Homem, trabalhaste no campo desde o dia em que começaste a andar. Com a enxada ganhaste músculos e corpo feito. O teu pai morrera em combate deixando-te a ti, à tua mãe e à tua irmã. Um dia vieram-te recrutar, levaste a espada e o escudo do teu pai e prometeste voltar à pequena aldeia que te viu partir. Mais um soldado menos um homem.
Embarcaram-te para longe, terra distante. Disseram-te "Mata ou morre." e tu aprendeste. Tinhas por teus companheiros, compatriotas que juraram "Um por todos, todos por um!" Eras qual romano no combate sem perecer por inimigo , vibrante e flamejante tratando o escudo como amigo. Eras belo, alto revigorante. Calejado nas mãos de espada, o teu lugar era na frente de combate e oh soldado admirável era de te ver combater!! Pelejando e defendendo com honra. Sobreviveste ao primeiro, ao segundo, ao terceiro combate. De noite ofereciam-te vinho e mulheres mas tu nunca lhes tocaste. Compraste papel e pena e gostavas de escrever. Mas não escrevias palavras sanguinárias , descrevias os lugares por onde passavas, os animais e as pessoas.
A tua fama assim como a tua sobrevivência espalhou-se e já sonhavas numa morte em glória como comandante, mas demasiado cedo despertastes quem era menor que tu.
Certa noite foste surpreendido por mão amiga, entrou na tua tenda e feriu-te de espada no peito, olhos nos olhos esperava a tua partida deste mundo para o outro, por invejas desconhecidas. Morrerias assim tu, guerreiro? Sem epítetos nem odes, nem uma única ode a teu respeito. Assim surpreendido, indefeso. Desafiavas o teu inimigo de frente sem perguntas nem respostas que o tempo que te restava era curto. A vida que palpitava em ti esfumava-se e tu pensavas o que seria do teu corpo. Desfalecido não conseguias fechar os olhos para o mundo. Um bravo soldado tombara. O teu carrasco traiçoeiro escondeu o seu feito assim como o teu corpo para que não dessem jamais contigo. Fica sabendo agora que foste atirado para o rio e putrificaste comido por todos os tipos de animais, e assim mais ninguém soube de ti, nem tua mãe nem tua irmã. A vergonha caiu sobre a tua família porque todos te julgaram fugido. As gerações seguiram-se e já ninguém se lembrava de ti, ou sequer sabiam que um dia tinha existido soldado corajoso como tu. Mas uma centelha anímica perdida no tempo e no espaço, um clamor de "vinga-me" chegou até mim.
E por isso contei a tua história, bravo soldado para que ninguém se esqueça nem daqui a mil anos.

Vernáculo Inconsequente

Palavras inconfessadas, gritam caladas
Ferem, espadas
Correm, asas.
Palavras incompreendidas, machucadas
Ditas, confessadas
Sucumbem escondidas ao fardo do impulso.
Palavras esquecidas, no tempo perdidas
Procuram semelhante, intrigam o pronunciante, do futuro escondido.
Palavras de amor cobradas numa noite, amaldiçoadas entre receptor e emissor porque a mensagem instiga!
Palavras que morrem à fome,
Não come nem dorme, horas a fio.
Palavras deixados gelados, cansados
Pobres vitimas prometidas.
Palavras atrozes vorazes, insaciáveis pela jornada iniciática continuam falseando aos corações,
Mentiras jazidas.
As palavras são doces, as palavras são cruéis. São à prova de bala e ferem nossa pele,
Mas a palavra dita não volta atrás, o universo a devolve em ciclos infernais! Jogando com nossas mentes o insano inconsequente, imolador do escrito em linhas de papel.

sábado, 20 de março de 2010

O Último Homem

Neste dia eu caminhei,
Até ao café gizei percurso…
E ali como combinado a encontrei.
Ela sempre tem aquele rosto alegre, quente, terno…
Meigo, de incondicional afecto, onde ferve inebriado alento.
Sorri-lhe, em contagiado aspecto… efémero,
Pois adentro, ele isolado reside do solo ao tecto.
Esta noite, um amigo reencontrei…
Abraço fraterno logo logrei…
Enquanto homens se requerem as palmadas nas costas,
Brusco contacto de amistoso trato…
Olhei-o de soslaio, soerguendo hoje duas infâncias repostas.
E ali nos reconhecemos em múltiplas propostas e respostas
E como nos rimos entre tantas palavras em sintonia dispostas…
Como nos é hoje o alheio patético.
Neste dia laborei,
Fui polido, cordial, exemplar e no possível ético,
E ainda assim creio que por poucos querido,
No entroncamento de um esforço colectivo épico.
Como poético foi o findar de contrariada rotina!
Esta noite saímos…
Como bebemos, como fumámos e aliviados nos sentimos,
E como nos reconfortámos e rimos,
Entregues a um clamar uníssono de embriaguez,
Remetendo o problemático quotidiano em surdez…
Esta noite fomos guerrilha, de ébrios a resolutos aturdidos.
No dia e na noite tornei a sorrir…
Como foi bom saltar no concerto, pular e no inaudível berrar!
Gritei, cantei, por entre uma paridade colectiva,
Por momentos nem bolha alheia defrontei…
E como foi na praia a folia do grupo activa,
Isenta de qualquer manifestação coerciva…
Dançámos e uma fogueira evocámos nesta noite de beira-mar furtiva.
E de noite em dia e de dia em noite sorrimos,
Gesticulamos, discutimos e rimos, como nos rimos…
Mas no término de mais um dia,
Em madrugadora noite de Inverno, eu chorei,
E como chorei enquanto no espelho me fitei…
Esta noite os meus olhos estão diferentes e tão iguais às noites anteriores,
Observei toda esta nova transformação facial,
Tão própria deste último Homem…
Nesta noite solitária subsequente na rotina diária,
Enfrentei-o no espelho, sob fluido lacrimal,
Aquele Eu, o último Eu, residente no fundo de mim,
Alheado do sociológico e como tal aos demais ilógico.
Nesta noite de último Homem coloquei em casa todos os outros rostos de lado,
Todos os rostos que ao mundo mostrei…
Tão longe de todos, tão dentro de mim,
Este último Eu hoje enfrentei,
Os meus olhos vibraram num diferente e obscuro assombramento,
Penetraram-no, de céptico a hermenêutico,
Penetraram-se conscientes de o ver ali, naquele momento…
O mais ascético de todos, envolto num halo de tormento…
Esta noite, o último Homem é cheio de lamento.