sábado, 10 de outubro de 2009

Introdução à Senhora Paranóia

Capítulo 1 - Tecnologias.

Um muito bem haja a todos, antes de mais cumpre-me referir que, a filha de Loki, esta grande deusa, trata-se de uma reencarnação divina, mas enquanto invólucro mortal. Este processo iniciou-se em plena década de 50 do século passado pelo que, esta nossa deusa, está agora a meio da casa dos 50, está digamos, madura por assim dizer, convenhamos.
No entanto esta deusa, apesar de humilde em se resignar a ocupar o corpo de uma mera mortal, ela não passa despercebida na sua terrinha e faz questão de se glorificar e homenagear-se constantemente... afinal ela é "uma santa", ela é "divina", ela é o ser "mais inteligente à face da terra", uma "mártir" (obviamente), uma "artista" (de facto), e, claro, faz tudo melhor do que qualquer outra pessoa e lá está, uma divindade muito sôfrega pois padece de todas as doenças deste mundo, logo quando alguém está doente, não é mais do que uma farsa, afinal já residem nela todos os sacrifícios deste mundo.
Esta Nossa Senhora da Paranoia nunca trabalhou na vida, aliás, nem deve, afinal é uma deusa e deve ser tratada e bajulada enquanto uma rainha que deambula por entre os meros e reles comuns mortais, talvez até mesmo por aí existam satélites e serviços de investigação secretos especializados na espionagem e controlo de todos os seus passos.
Mas a seu tempo farei chegar a todos vós, mortais ignorantes como eu, o que esta nossa luz do mundo, este novo Jesus Cristo já cinquentão, com seios, 1,65 de altura e 95 quilos as suas mais sábias palavras e acções. De momento e como o tempo nem sempre abunda, limito-me a encetar afinidades com um simples cheirinho do que são as tecnologias para a nossa brilhante deusa.

Ela não as saber manobrar lá muito bem, é um facto e pouco uso dá a um telemóvel, sendo que 95% dele indevido, é outro facto. A Paranoia gosta de videos e desbundar ao som de uma valente rockalhada e considera-se a melhor cantora do mundo - outro facto. Como divindade tão bem incorporada no nosso mundo, faz valente uso de uma televisão, de um telemóvel, de um rádio, outro facto. Ela vê a Manuela Moura Guedes e as notícias da TVI, outro facto. Logo palavras como satélites, espionagem entraram com alguma naturalidade no seu vocabulário.

Desta vez limitar-me-ei a 2 sobejos exemplos da relação tecnológica com o divino - ainda que não possa deixar passar que, todas as palavras caras que os interlocutores discursam são imitações e novos modismos que despontam na sua maravilhosa pessoa. Afinal esta grande escritora (que recorre infímas vezes ao dicionário) considera as palavras que neste se enquadram como suas, logo se os jornalistas descobriram e valorizaram o seu vocabulário com tais palavras trata-se de puro plágio. é verdade, o mundo informativo tornou-se francamente maquiavélico e rouba constantemente os demais vocábulos desta nossa divindade.

Mas recuperando e prosseguindo agora sim com os 2 magníficos exemplos, enceto amistosidades com um brilhante episódio. Não recordo agora com exactidão o dia e o mês em que tal decorreu, mas, numa tarde solarenga, a Paranoia lisonjeou o meu pobre ser com a dádiva de uma sua visita. Fizera a Paranoia uma viagem de 300 quilómetros aproximadamente, vinda do Algarve, sobre 4 rodas, no lugar do pendura. Denote-se que os deuses andam muito ciosos e poupam as suas forças, não seria muito conveniente um voo tão longo. Mas na sua gloriosa chegada, o seu invólucro de carne, 95 quilos bem redondos instalam-se comodamente no meu sofá. Logo principia uma maravilhosa sinfonia, onde os meus ouvidos captaram aqui e ali o discurso do costume: o João (Deus sem invólucro existencial, uma divindade muito snob que somente aparece na vida da Paranoia à distância e manipulando o mundo e nós reles humanos de acordo com a sua vontade de possuir a nossa divindade Paranoia assim como de torturá-la malevolamente). Para tal envia por exemplo um casal de namorados jovem passar de mãos dadas no passeio diante a nossa deusa. Um ultraje! Pois tratou-se de um sinal do "João", este ser hediondo que terá pago e enchido "os bolsos de dinheiro" daquele casal para lhe dar a ideia de que é ao seu lado que a nossa amada Paranoia deveria estar. Um ultraje repito!
Ora, este Deus controla a nossa Paranoia pagando e comprando radares também, sendo que supostamente este homem, perdão, Deus, é riquissimo devido ao controlo do Mundo da droga assim como a redes de prostituição. Um herege vos digo!
Mas lá dizia ela, que andam a espiá-la, que a perseguiram de carro, que quando foram pôr gasolina já lá estava um carro à espera para a controlar, que quando chegaram ao edifício já estava um vizinho a sair naquele exacto momento previamente avisado e logo "mandado". Nisto, ela repara num objecto abaixo da televisão, conectado devidamente à minha PS2, igualmente conectada à televisão e sobressaltada exige que retire e tape aquele objecto pois este está a "gravá-la", a filmar, portanto a captar e a emitir imagens da sua real pessoa para o "João".
Para algum desalento da minha PS2, esta viu-se assim temporariamente sem o meu cartão de memória, utilizado para guardar os dados dos respectivos jogos.
...
Mas disposta esta pequena introdução, aqui fica ainda registado um outro evento, que decorreu esta noite pouco depois de jantar em que a nossa deusa ficou muito indignada com o seu telemóvel, pois este bloqueou e deixou de funcionar devidamente. Passo a trespassar para aqui um esboço deste maravilhoso diálogo:

Estava eu muito entretido a ver televisão e eis que chega então a deusa indignada e o seu devoto concubino humano, mas ainda assim, companheiro bajulador da sua real excelência.

Principia a maravilhosa:
"e já me estragaram o telemóvel!"
"Isto deves ter sido tu" (para o devoto companheiro)
"E pronto não vês? Isto tá bloqueado! É de lá, bloquearam-me isto à distância, fizeram de propósito! Amanhã quero um igual nas minhas mãos, vais comprar um que tão baratos."
Eu, maravilhado com tal brilhante e enfático discurso decidi atentar um pouco nas entidades superiores e na pequena caixinha que íam trocando entre si e que serve para comunicar à distância.
Ora olhavam, oram pressionavam as teclas e demais partes e nada.
"Ainda por cima é novo! Tem só 2 anos! Não fui eu que o estraguei!!!"
Novissimo de facto.
E continuando: "ta ta pa ta ta pa ta ti"
Lá resolvem pedir-me ajuda a mim. Ora eu obviamente remeti de novo para as divindades, totalmente alheio e desinteressado, a responsabilidade e resolução de tão problemática questão.(Eu não percebo nada disso.)
Mas infelizmente lá continuaram ao ponto de me resignar e pedir amavelmente que me cedessem o precioso objecto que faria maravilhas no mundo de Gollum para que pudesse analisar o problema... De facto não desligava, nada fazia, o bloqueio era evidente, mas, na minha humana ignorância sugeri que retirassem a tampa do telenóvel, o cartão e voltassem a colocar tudo no sítio voltando a ligar o objecto...
Paranoia e Concubino olharam muito surpresos para mim enquanto lhes devolvi o bicho. Mas, às voltas, às voltas, não conseguiram encontrar-lhe a tampa, o matreiro camuflou-a muito bem claro está, logo não conseguiram prosseguir com a minha sugestão pelo que, uma vez mais, retornou o animal aos meus dedos, que, calmamente apaziguaram a faca que a deusa envergava em direcção ao bicho e removi a tampa, cartão e o tornei a ligar em seguida, enquanto a grande deusa continuava com a mezinha dos 2 anos apenas do seu estimado telemóvel e que alguém o tinha estragado.
Entretanto e após o meu simples acto cavernal, eis que, miraculosamente, o telemóvel inicia com total regularidade tornando a estar "normal".
Claro que mal pressionei o botão para o ligar recambiei de novo o chato bicho para as mãos da grande deusa que exclamou um "ah já dá!".

Pois é divindade Paranoia, hoje a tecnologia inimiga voltou-lhe a dar que fazer.