segunda-feira, 29 de março de 2010

A Melopeia do Diabo - 2 excertos (de um total de 14)

Medo

Num mundo de insegurança,
Movido pela rede complexa do social,
Na vulnerabilidade do desconhecido,
Na desconfiança do impalpável
Na concepção de um imaginário aturdido,
Desenvolvem-se esboços de fobia
E um itinerário de ansiedade a terror,
Na articulação de crenças sem via
Elevando-se discriminação e rancor,
Complexos de inferioridade,
De rejeição a solidão,
Ciclos de pânico e depressão;
Desenvolta a agressividade
Propicia à luta e fuga
No defeso do maior medo por instinto:
A morte que não transmuta.


Acedia

Sobre os corpos estagnados
Abate-se o peso da apatia
Um amargo letargo
Que torna os seres minguados.
A recusa na partilha da alegria do mundo
Tem na nostalgia alicerce profundo,
No abafamento, na insegurança, na moleza
Reina a taciturna melancolia,
Uma tristeza que dilacera
Forçando infelicidade e angústia.
O vazio, a depressão, uma preguiça que não cessa,
Tornando o dia a prorrogação do torpor da noite.
Que pode a Diligência fazer quando cede a inocência?
Todo o desespero em clamor converge a Belphegor seu senhor.

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